
Amo mesmo. Como se ama uma pessoa.
Toda a minha vida achei que era uma pessoa de gatos, talvez por nunca ter tido cães e sempre gatos. Agora sei: sou definitivamente uma pessoa de cães.
E sou a fã número Um do meu. Percebi que ia adorá-lo no primeiro dia, quando ele tremia da viagem e eu lhe peguei e ele parou de tremer.
Adoro como ele se senta (ou deita depende do sono) sempre em cima dos nosso pés para que quando sairmos dali ele saiba.
Ele é realmente um dono-dependente, e tem de estar sempre a ver-nos. Por isso mudou de poltrona habitual, porque a onde ele costumava dormir não dava para nos ver no escritório.
Quando acorda, vem sempre ter connosco e põe as patinhas em cima de nós, a pedir mimos, e fica assim a suspirar, cheio de sono enquanto os recebe.
A relação dele com o Juni é um a típica entre 'irmãos': amor/ódio. Há dias que ladram/miam um para o outro o dia inteiro, e um finge que morde, o outro arranha mesmo e no entanto há aqueles dias em que dormem um ao pé do outro, em que o gato se roça a ele, e o cão com uma lambidela lhe lava a cabeça. E depois há os ciúmes. São muitos e grandes. O Bully não pode ver o gato a receber mimos meus. Vem logo com o seu jeito bruto expulsá-lo literalmente de cima de mim.
Depois temos a faceta destruidora que eu achava que ele não ia ter porque nos tempos de cachorro era tão sossegado. Parece que afinal a ele deu-lhe mais tarde. É agora com quase um ano que destrói tudo. Que o digam os meus óculos de ver (que até as lentes comeu!), os fios da Tv Cabo e os do telefone , a nossa colecção de revistas, que agora está reduzida a cinco, os sacos do Continente, o movél do escritório e a ex-casa dele.
Mas ele não é burro nenhum. Sabe bem a porcaria que faz, tanto sabe que quando a faz e nós chegamos a casa, ele baixa as suas orelhas de morcego e cola a barriga ao chão como um soldado disfarçado. E faz aquele olhar de pena como quem pede perdão.
Quando estamos a comer a mesma história, faz aquela carinha que quem não o conhecer pensa que ele passa fome. Ah, e está comprovado, ele gosta de manteiga de amendoim tanto quanto eu.
Adoro como todos nós pensamos que ele é super maricas e de cão de guarda não tem nada mas depois surpreende-nos quando nos defende de outros cães e ladra ferozmente quando eu vou passeá-lo sozinha e alguém de aspecto duvidoso se aproxima.
Adoro como ele é tosco, e aqui aquela história de os cães serem parecidos com os donos, só pode ser verdade. É vê-lo deitado no sofá, virar-se e cair no chão. É vê-lo saltar-nos para o colo e bater com a cabeça na mesa. É vê-lo a correr pela casa e não se deviar das mesas. "É como tu diz-me o Bruno" Mas eu não percebo porquê. De desastrada não tenho nada não é verdade?
É um regalo para o coração quando adormeco no sofá e acordo com a boca dele mesmo colada á minha como quem dá um beijinho. E se acordei é porque ele estava a ressonar a alto e bom som, de certeza.
Em suma: Eu Amo o meu cão. Amo mesmo. Como se ama uma pessoa.